terça-feira, 24 de abril de 2012

Passos de formiguinha...

Há dias eu ando com borboletas no estômago...ansiosa, na espera pelo dia de hoje! Quem ler isso vai pensar um monte de bobagens...kkk, mas eu explico!



Desde que comecei a me interessar pela idéia de Humanização, estou estudando, lendo bastante, fiz alguns cursos, fui conhecendo as pessoas, que assim como eu estão se engajando nesse mundo, ou já entraram nele de cabeça. Em Janeiro desse ano fiz meu curso de doula no GAMA e voltei com sede de colocar as idéias em prática. Mas logo me frustrei...fui fazer estágio curricular da faculdade e a idéia de ser doula aos poucos estava se apagando na minha cabeça, porque achava que aqui em Botucatu as pessoas ainda não estavam abertas o suficiente para a idéia de humanização! Me enganei...

Na verdade hoje estou animadíssima, acho que cada coisa tem seu tempo e que na verdade existe SIM a possibilidade de ser doula por aqui! Só me faltava conhecer as pessoas certas. Pessoas envolvidas nessa questão e que lutam e trabalham por isso.



Hoje foi o último dia do curso de Patologia obstétrica que venho fazendo, e contamos com a presença da Dra Melania Amorim, obstetra humanizada que trabalha com medicina baseada em evidências, Profª Dra Roxana Knobel (Universidade Federal de Santa Catarina) e a Parteira mexicana Naoli Vinaver, fiquei extasiada! São mulheres de uma sensibilidade gritante!!! E fora toda minha tietagem...kkk, esse encontro me despertou a esperança...e junto com ela a minha sede de ser doula está de volta.



Conheci várias doulas da região que já eram minhas amigas (de Facebook! rss) e que finalmente conseguimos nos encontrar pessoalmente... E surgiu até a idéia de (emfim!!!) formamos um grupo juntas. Como costumamos dizer, lutar pela humanização é dar passos de formiguinha, mas hoje lá no curso...com todas nós doulas juntas, me senti em um verdadeiro formigueiro! kkkk

Bjos meninas, espero que a gente se encontre mais vezes! :) ADOREI conhecer vcs!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

9 meses em 90 segundos


Vi esse vídeo e achei muuuuuito fofo! :) Trata-se de uma técnica conhecida como stop-motion, na qual consiste em se tirar fotos para depois reuní-las numa animação.  Enfim, o vídeo é fantástico!Olhem só que lindo!









Mãezinha é a vovózinha!

 A gente aprende na faculdade (ou pelo menos deveria aprender!) a respeitar a individualidade de cada paciente. E pra quem já esteve grávida um dia, sabe bem do que eu estou falando...muitas vezes a gestante ("deixa de existir"...vira apenas uma casinha ambulante, afinal...ali dentro daquela liiiiiinda barriga existe um bebê que todos não vêem a hora de olhar pra carinha e muitas vezes as gestantes se sentem um pouco deixadas de lado em um momento em que na verdade elas precisariam de MUITO mais atenção. Enfim...falando do respeito e da individualidade que a gestante merece e espera, li um pequeno texto da Dra Melania Amorim - Obstertra, sobre o modo como muitas vezes os profissionais tratam as gestantes e achei ótimo, veja se não EXATAMENTE oque acontece!




"Mamãe", "mãe", "mãezinha", "gravidinha": Por que não tratar gestantes dessa maneira?

Apelidos aparentemente carinhosos apontam para dois problemas, quando analisamos o seu uso por profissionais de saúde: a desqualificação da mulher enquanto protagonista, "reduzindo-a" a um ser infantilizado, alienado e incapaz de tomar as rédeas de sua gravidez e do parto e a sua despersonalização e "coisificação" dentro da instituição, o que também pode ser considerado, por trás de uma fachada de gentileza e carinho, como violência institucional.

Gestantes e parturientes devem ser tratadas por seus nomes, e fazer questão disso. Eu, particularmente, sempre odiei ser tratada por "mãezinha" nas poucas vezes em que levei os meus bebês em médicos que eu não conhecia pessoalmente. Não sou mãezinha! Sou uma mulher forte, empoderada, que tem dois filhos e cuida deles, além de ter uma carreira, como médica, parteira, professora e pesquisadora.

Da próxima vez em que receberem esses apelidos, experimentem tratar os profissionais de saúde por "doutorzinho" ou "mediquinho" ou "enfermeirinha". Qual deles irá atender sem se sentir ofendido? E vamos, todos, profissionais de saúde e usuárias, nos policiar para evitar a verbose, que é a "doença da palavra". Não é somente uma questão semântica, é que a forma de tratamento reflete exatamente o modelo tecnocrático, medicalocêntrico, no qual estamos inserindo. "Coisificar" e "despersonalizar" o paciente reforça uma relação hierárquica e contribui para centrar a tomada de decisão exclusivamente nas mãos dos médicos (mas isso vale para outros profissionais de saúde).

Por uma relação simétrica e pelo respeito à individualidade de cada um, não poderemos continuar "pacientes" com esse tipo de tratamento.


domingo, 22 de abril de 2012

Métodos Não farmacológicos para alivio da dor no TP



A dor durante o trabalho de parto é universal: parir foi e é considerado doloroso por quase todas as culturas do mundo. Em nossa cultura, predominantemente judaico-cristã, as dores no parto são vistas como um castigo de Deus a Eva e suas descendentes pelo pecado original: "Multiplicarei as dores de tua gravidez, será na dor que vais parir os teus filhos" (Gênesis, III, 16).

A hospitalização do parto, levando-o a ser considerado um evento médico-cirúrgico, e a percepção cultural de que toda dor é um sintoma de doença e deve ser suprimida, resultaram na crença de que a dor no parto é dispensável e sem valor, e deve ser curada com equipamentos e tecnologia apropriados.

No entanto, muitas mulheres demonstram o desejo de lidar com a dor no trabalho de parto e parto sem intervenções farmacológicas. Isso se deve ao desejo de pouca interferência no processo fisiológico do nascimento, de “estar no controle”, de ter escolhas, de ser encorajada a confiar no corpo para superar a barreira da dor por seu próprio ritmo natural. Também pelo medo de efeitos colaterais que possam afetar a criança, já que a mulher passa a gestação inteira sendo alertada quanto aos perigos do uso de qualquer medicação para seu filho.

Não é possível prever a intensidade da dor para cada parto. Cada mulher é única e cada parto é vivenciado de forma única. Diversos fatores podem influenciar a intensidade da dor sentida por uma parturiente, como a tensão, a ansiedade e o medo do parto, a motivação para o parto e a maternidade, a paridade (primíparas referem mais dor que multíparas), a participação de cursos de preparação para o parto, a idade da paciente, o nível sócio-econômico, o antecedente de dismenorréia (cólica menstrual), o tamanho do feto, o peso da parturiente, a hora do parto, outras experiências dolorosas vivenciadas antes do parto, a posição da parturiente durante o trabalho de parto, o uso de drogas para induzir ou aumentar as contrações uterinas, além de normas sociais que também podem influenciar o julgamento da intensidade da dor.

Mesmo quem não pretende utilizar nenhum método para alívio da dor no trabalho de parto e parto, precisa conhecer os disponíveis. Em algumas situações pode haver necessidade e, conhecendo as alternativas, pode-se participar da escolha do método.

Para escolher os métodos analgésicos que podem ser utilizados, devem ser considerados riscos, benefícios e também o desejo da parturiente. Lembrando que um alívio total da dor não necessariamente implica em uma experiência de parto mais satisfatória. O importante é que a parturiente se sinta segura e confortável. Conversar com a equipe de assistência e incluir os métodos de preferência e os que NÃO deseja utilizar no “plano de parto” é essencial.

Pensando no conforto, mais que no alívio da dor em si, inicio com algumas “dicas”para as parturientes. Essas dicas são baseadas em um texto da internet (infelizmente perdi a referência) e na prática de acompanhar gestantes. A seguir, apresento as técnicas não farmacológicas mais estudadas de maneira “científica” com alguns comentários e, finalmente, comento as técnicas farmacológicas.

Medidas para o conforto durante o trabalho de parto:
A parturiente pode tentar todas as que quiser. Certifique-se de sentir-se confortável. O que propicia uma deliciosa sensação de alívio para uma mulher pode não servir para outra. E, com o avanço da dilatação, o que antes parecia confortável torna-se incômodo. Tanto a mulher quanto seus acompanhantes devem estar prontos para ir mudando as técnicas.

Ambiente:
· Pouca luz
· Som “pacífico” (parecem ser melhores os sons da natureza (como pássaros, água correndo, ondas), mas os naturais mesmo, não gerados por sintetizador).
· Privacidade (em alguns locais isso é um pouco difícil, mas pode ser conseguido com um “isolamento” com cortinas improvisadas com lençóis, por exemplo.
· Aconchego
· Música

Físico:
· Caminhar
· Balançar a pelve
· Deitar sobre travesseiros
· Dançar “música lenta” com o parceiro
· Sentar na “bola de parto”
· Levantar o abdômen

Toque:
· Massagem
· Tapinhas no local da dor
· Afagar/ acariciar
· Contrapressão na região lombar
· Do-in

Calor:
· Banho de banheira
· Banho de chuveiro
· Compressas quentes

Frio:
· Compressas frias
· Tecido frio para colocar no rosto

Cognitivo:
· Visualização
· Afirmação
· Atenção na própria respiração
· Padrões de respiração
· Não focar a atenção em nada (atenção a todos os sons, cheiros, sensações táteis sem focar)
· Rezar

Outros:
· Aromaterapia
· Cromoterapia
· Vocalização
· Acompanhante ao parto

Técnicas:
Não Farmacológicas
São técnicas que não utilizam remédios ou drogas. O alívio da dor que proporcionam é menor do que o obtido com as técnicas farmacológicas, mas, geralmente, não tem contra-indicações ou efeitos colaterais.

Há atualmente, a busca por um cuidado mais natural, menos agressivo, com menor interferência nos processos fisiológicos, e que considere o ser humano como um todo. Nesse sentido, cada vez mais se difundem as chamadas medicinas alternativas ou complementares. Vários são os motivos que levam a população a procurar esse tipo de tratamento: a possibilidade de maior comunicação, empatia e contato com o profissional; a possibilidade de uma consulta mais personalizada; a crença de que é uma terapia mais natural e com menos efeitos colaterais; a preferência pela filosofia holística desses tratamentos (no caso, acreditar na importância da mente, corpo e espírito), em oposição ao modelo mecânico e reducionista da medicina tradicional; a maior ênfase que a medicina complementar dá à nutrição, fatores emocionais e estilo de vida na manutenção da saúde, e a insatisfação com o tratamento de patologias crônicas oferecido pela medicina tradicional.

Psico-profilaxia
A "analgesia psicológica" e psico-profilaxia apresentam princípios que variam conforme a época e o autor, mas baseiam-se em preparação para o parto. Essas técnicas podem ser iniciadas durante o pré-natal. A gestante e parceiro são orientados sobre a fisiologia do trabalho de parto e parto e sobre os procedimentos de rotina no local onde vão ter o bebê. Também são treinados e praticam sobre como executar massagens e práticas de respiração e de relaxamento que ajudam no processo do nascimento.
As vantagens deste tipo de preparação são: redução da dor, menor necessidade de drogas analgésicas e maior satisfação do casal com o parto.

Presença de acompanhante
Outro fator que comprovadamente ajuda a parturiente no momento do parto, inclusive com redução dos níveis de dor, é a presença de uma pessoa como acompanhante durante o todo o trabalho de parto. Essa pessoa pode ser escolhida pela mulher (sendo o marido, a mãe, uma amiga), ou pode ser alguém especificamente treinado para o acompanhamento do trabalho de parto (doula). A presença da doula durante o trabalho de parto foi relacionada com menor dor, menor necessidade de analgesia, menor taxa de partos operatórios e maior satisfação com o parto em ensaios clínicos randomizados.

A palavra obstetrícia é de origem latina, derivada da palavra obstetrix, originária do verbo obstare, que tem o significado de ficar-ao-lado ou em-face-de. A obstetrícia atual parece ter perdido seu objetivo de "estar ao lado" da parturiente. A formação médica não inclui o ensino da importância do apoio psicológico e afetivo aos pacientes, e o médico não aprende a lidar com eles, menos ainda com pacientes que estão com dor. Quando faltam alternativas para mitigar a dor e há pouca informação a respeito de como esse acompanhamento mais próximo poderia por si só ajudar o paciente, o médico tende a se afastar, piorando a situação.

Embora não existam estudos a respeito, parece claro que, se o profissional que acompanha o trabalho de parto se dispõe a “estar ao lado” da parturiente e sua família, a dor, o desconforto e o medo serão menores. Mas, mesmo um profissional disposto, não substitui o(s) acompanhante(s) de escolha da mulher parturiente.

Não ficar deitada
Há muito se sabe que a gestante não deve ficar muito tempo deitada de barriga para cima. O peso do útero com o bebê aperta uma veia que passa entre a coluna e o útero e diminui a chegada de oxigênio para o feto. Muitos estudos mostram que a mulher sente menos dor (principalmente no período expulsivo) se ficar na posição que lhe for mais confortável. Durante o trabalho de parto também se acredita que a dor fica menos intensa se a mulher parturiente puder se movimentar sem ficar “presa” à cama.

Banhos
O banho de imersão comprovadamente alivia a dor, deixa a parturiente mais relaxada e diminui a necessidade de utilizar drogas analgésicas para o alívio da dor. Não tem nenhum efeito colateral importante ou contra-indicação.
Na maioria dos hospitais do Brasil não há disponibilidade de banhos de imersão. Na prática clínica observa-se que o banho de chuveiro também ajuda a aliviar a dor e relaxar a mulher em trabalho de parto.

Acupuntura
A acupuntura é uma alternativa não farmacológicas para o alívio da dor e vêm se difundindo progressivamente no Ocidente. É uma prática terapêutica milenar originada no oriente e inserida no conjunto de conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e envolve a estimulação de determinados pontos na pele com agulhas. Na Europa, 12 a 19% da população relataram já ter utilizado a acupuntura, e calcula-se que mais de um milhão de americanos a utilizem anualmente. Suas propriedades vêm sendo progressivamente mais aceitas entre médicos ocidentais e em pesquisa realizada nos EUA em 1998, 51 % dos médicos referiram praticar acupuntura ou recomendar seu uso.

Especificamente para a Obstetrícia, esta técnica já foi utilizada para alívio de náuseas e vômitos, indução de trabalho de parto, versão de fetos pélvicos, alívio de dores musculares e osteoarticulares, para analgesias de cesárea, período de dilatação e parto.

Sua utilização no trabalho de parto e parto pode aliviar a dor e diminuir a necessidade de utilizar métodos farmacológicos. Com a utilização da acupuntura, o estado de consciência da mãe não se altera, permitindo que a mesma seja participativa no parto sem interferir, posteriormente, no contato da mãe com o recém- nascido e no início precoce da amamentação. É uma técnica segura, já que a fisiologia não é modificada e, de todos os estudos consultados incluindo, ao todo, mais de mil e duzentas gestantes, não foi relatado qualquer efeito colateral importante para a mãe ou para o concepto. Complicações relacionadas à acupuntura são raras e decorrem de tratamento incorreto, insuficientes conhecimentos médicos e sobre os pontos de acupuntura, deficiência de higiene e esterilização das agulhas. Por isso, a prática da acupuntura deve ser realizada por um profissional devidamente treinado, com agulhas esterilizadas ou descartáveis.

Os pontos e técnicas de acupuntura utilizadas variam imensamente entre os autores. Não existem citações clássicas específicas para o alívio da dor no trabalho de parto e parto. Para a Medicina Tradicional Chinesa, o parto fisiológico não cursa com dor intensa, mas não temos informações suficientes para afirmar se era esperado que as mulheres experimentassem essa dor, se ela realmente não era considerada intensa ou insuportável, ou ainda se a acupuntura não era considerada eficaz para o seu alívio.

Os pontos mais citados nos trabalhos publicados são os sacrais, principalmente o Ciliao (B32), que foram utilizados pela grande maioria dos autores, em conjunto com outros pontos ou isoladamente e foram estimulados com agulhas ou com a aplicação de água destilada sub-cutânea. A utilização da técnica de acupuntura auricular conjuntamente com o restante do corpo também foi tentada e os pontos utilizados foram útero, sistema simpático e Shen Men.

Eletrodos de superfície

A aplicação dos eletrodos de superfície também se baseia na estimulação de pontos ou regiões da pele, mas através de condutores que transmitem um estímulo elétrico fraco.
Os estudos com eletrodos de superfície apresentam resultados conflitantes, sendo que alguns autores confirmam seu efeito analgésico na dor do trabalho de parto e outros afirmam que esse efeito não existe ou é apenas “placebo”. Em pesquisa realizada na UNICAMP, comprovamos a possibilidade de utilizar eletrodos de superfície pare esse fim, com a mesma eficácia que a acupuntura tradicional. Com a vantagem de não necessitar a aplicação de agulhas, por isso, tem um custo menor e um incômodo menor para a parturiente.

Massagens
Diversos tipos de massagens podem ser feitos para alívio da dor no trabalho de parto. Em pontos de acupuntura, com gelo, com compressas quentes, no períneo, com óleos aromáticos. Talvez essas pesquisas científicas sejam dificultadas pela diversidade das técnicas possíveis e pela naturalidade com que se faz massagens em uma pessoa com dor. Não há efeitos colaterais descritos.
A prática clínica mostra o grande efeito analgésico que a massagem pode proporcionar. Deve ser respeitado o desejo e a experiência pessoal de cada gestante no momento de aplicação da massagem.

Hipnose
Pode ser realizada por um profissional ou a parturiente pode aprender a se auto-hipnotizar. Mulheres que foram hipnotizadas com o objetivo de aliviar a dor no trabalho de parto referiram uma maior satisfação com o manejo da dor do que as que não utilizaram.

Diversos
Existem diversas técnicas que podem ajudar a aliviar a dor, o desconforto, a ansiedade e o medo durante o trabalho de parto. Não há estudos científicos mostrando que essas atitudes são realmente eficazes, ou há estudos e estes não conseguiram demonstrar nenhum efeito. Mas isso não significa que, individualmente elas não funcionem, muitos obstetras e enfermeiras obstétricas orientam as parturientes a utilizar algumas dessas técnicas e com resultados bons. são algumas delas...a musicoterapia, aromaterapia, música, vocalização.

Fonte: http://www.amigasdopartogestantes.com/

Falando sobre episiotomia - Dra Melania Amorim



A revisão sistemática da Biblioteca Cochrane (Carroli e Belizan), atualizada pela última vez em 1999, inclui seis ensaios clínicos randomizados e um total de 4850, submetidas à episiotomia de rotina ou seletiva. No primeiro grupo, 73% receberam episiotomia, contra 28% no segundo grupo. Os autores concluíram que os benefícios da episitomia seletiva (indicada somente em situações especiais) são bem maiores que a prática da episiotomia de rotina.

Baseando-nos nesses resultados da revisão sistemática, bem como nas conclusões de diversos outros estudos randomizados desde então publicados, podemos afirmar que:

1) Não há diferença nos resultados perinatais nem redução da incidência de asfixia nos partos com ou sem episiotomia, ou seja: os bebês nascem muito bem sem episiotomia, e não há necessidade de realizá-la com esse intuito.
2) Não há proteção do assoalho pélvico materno: a episiotomia não protege contra incontinência urinária ou fecal, e tampouco contra o prolapso genital, associando-se com redução da força muscular do assoalho pélvico em relação aos casos de lacerações perineais espontâneas.
3) A perda sanguínea é mais volumosa (em torno de 800ml contra 500ml no parto vaginal espontâneo), utiliza-se uma maior quantidade de fios para sutura e há mais dor perineal quando se realiza episiotomia.
4) A episiotomia é uma laceração perineal de segundo grau, e quando ela não é realizada pode não ocorrer nenhuma laceração ou surgirem lacerações anteriores, de primeiro ou segundo grau, mas de melhor prognóstico.
5) A episiotomia não reduz o dano perineal, ao contrário, aumenta-o: nas episiotomias medianas é maior o risco de lacerações de terceiro ou quarto graus.
6) A episiotomia aumenta a chance de dor no pós-parto e dispareunia.(dor durante a relação sexual)
7) A episiotomia pode cursar com complicações como edema, deiscência, infecção (até fasciíte necrosante) e hematoma.

A recomendação atual da Organização Mundial de Saúde não é de proibir a episiotomia, mas de restringir seu uso, porque em alguns casos ela pode ser necessária. Não está muito claro em que situações a episiotomia é, de fato, imprescindível, porque até mesmo partos instrumentais (fórceps ou vácuo-extração) podem ser realizados sem episiotomia. Fala-se muito em “ameaça de ruptura perineal grave”, para prevenir rupturas de terceiro ou quarto grau, mas o que, clinicamente, caracteriza essa “ameaça” ainda não está definido.
A episiotomia não é útil na distocia de ombros, porque o problema neste caso é uma desproporção dos ombros fetais com a pelve óssea, e não com o períneo da mãe. Possivelmente esses aspectos serão desvendados em estudos futuros. É importante lembrar que, como todo procedimento cirúrgico, a episiotomia só deveria ser realizada com o consentimento pós-informação da parturiente. O planejamento em relação a esta e outras intervenções também deve fazer parte do plano de parto.
O ideal é que a taxa de episiotomia nos diversos serviços seja inferior a 30%, o que já é realidade em muitos países europeus. A taxa de episiotomias também vem caindo significativamente nos EUA, embora ainda persista elevada: o percentual de episiotomias em partos vaginais variou de 65,3% in 1979 para 38,6% em 1997.
Infelizmente, no Brasil, a situação é ainda mais crítica, porque o procedimento é realizado em cerca de 94% dos partos vaginais. No país que é o segundo “campeão” mundial de cesáreas, quando não se corta por cima, se corta por baixo (Diniz e Chachan, 2004). Urge nos mobilizarmos contra essa prática abusiva, porque reduzir procedimentos cirúrgicos desnecessários é essencial na luta pela humanização do parto e na promoção de cuidados baseados em evidências. “

Fonte: Comunidade G.O. Baseada em Evidências.

Homens, Empoderem-se!

Há um tempo atrás vi esse vídeo no youtube e achei liiiiiiiindo! Um tempo depois, conheci a história da Rosana Oshiro. Ela e seu marido Cléber Massao fazem um belo trabalho juntos! São pais de 5 filhos lindos e esse vídeo trata-se do parto da caçulinha.
Rosana é doula e uma pessoa muito envolvida nas questão de humanização e empoderamento da mulher, mas o Cléber não fica de fora não...trabalha com fotografia e propicia a essas mulheres SUPER empoderadas, lindas lembranças desse momento único, como essa.
Não gente, não tô fazendo propaganda...kkk e nem ganhando nada com isso, mas é que pra mim, esse vídeo vai além de mostrar uma escolha.. mostra o envolvimento, a cumplicidade de todos da família e mostra que o parto é SIM da mulher, mas mostra também a importância do apoio e um pai completamente empoderado também...
Quando assistimos a um vídeo de parto humanizado hoje, os homens não têem passados despercebidos, eles estão abraçando a causa, dando apoio, ficando ao lado de suas mulheres. E por fim, acho que eles entenderam o quanto a presença deles se faz importante em um momento assim...por isso, HOMENS EMPODEREM-SE! :)


Benefícios da amamentação para a saúde da mulher

A grande importâcia da amamentação para a saúde do bebê é um assunto indiscutível na atualidade, mas vamos falar um pouco dos benefícios da amamentação para a mulher...



• Retorna ao peso pré-gestacional MUITO mais rapidamente, pois para amamentar o bebê é necessário uma quantia adicional de 500 a 640Kcal/dia.
• Redução do risco de depressão pós-parto.
• Menor sangramento uterino pós-parto, conseqüentemente menor risco de anemia.
• Involução uterina mais rápida, ou seja, o orgão recupera seu tamanho original mais rapidamente.
• Maior proximidade entre mãe e filho.
• Evolução física pós-parto mais rápida.
• Menor incidência de doenças como câncer de mama, certos cânceres do epitélio ovariano.
• Maior espaço intergestacional (entre gestações). Já que auxilia como método anticoncepcional
• Economia, já que as fórmulas para bebês são de alto custo.
• Sobre a osteoporose, o risco das mulheres que amamentaram de a contraírem na velhice é quatro vezes menor.

Enfim...Amamentar é TUDO de bom...tanto para seu bebê, como pra você! :)

Para que serve a ultra-sonografia? (US)



Na minha primeira gestação eu ADORAVA fazer ultrassom...Esperava ansiosamente toda vez que o médico pedia o exame, pra poder ver minha pequena dentro da barriga, era pura ansiedade... mas hoje, "um pouquinho" mais por dentro do assunto...me questionei. Será que esse uso indiscriminado do ultrassom não acarreta nenhum mal? e descobri...SIM, pode acarretar!
Na verdade, o exame em geral é fundamental para o bom acompanhamento da gestação, porém, quando mal indicado, mal realizado, ou seu resultado mal interpretado é possível que o exame atrapalhe. 
Atrapalhar?! Sim, isso mesmo, pode até atrapalhar a conduta médica...Pode indicar falsos positivos no caso de algumas síndromes, podem ser utilizados como (falsas!!) indicações de cesárea...Enfim, tudo depende da conduta do médico e também de quem realiza o exame. 
Semana passada fiz um curso de patologia obstétrica e o assunto da semana era justamente esse: Ultrassonografia na rotina pré-nata. O curso foi muito bom, e esclareceu muita coisa na minha cabeça em relação ao assunto. 
Na prática, vemos por exemplo, a US sendo utilizada para saber a idade gestacional, mas descobri que esse cálculo não é NADA preciso.Exceto quando é feito bem no começinho da gestação, quando todos os indivíduos têem o mesmo tamanho. Até 14 semanas, a margem de erro de cálculo pela US é de aproximadamente 3-4 dias e no fim da gravidez esse erro pode chegar a 1 mês, levando em consideração as medidas biométricas de cada indivíduo.
Quer dizer...eu que tenho 1,61m de altura e meu marido que tem 1,70m ( isso é o que ele diz ter, mas na verdade tem no máximo 1, 68m...rsss) teremos no final da gestação um bebê do mesmo tamanho que a Ana Hickmann e o Michael Jordan?????...NÃO né!!!!!Hehehe
Por isso não se deve utilizar o US como parâmetro para se tomar algumas condutas. O Ministério da Saúde indica o exame de US em somente dois períodos ( em gestações de baixo risco!! ): no primeiro trimestre, para determinação da idade gestacional e ultra-sonografia morfológica, e entre 16 e 20 semanas, para rastrear malformações fetais. Fora isso NÃO existe comprovação científica de que, rotineiramente realizada, a US tenha qualquer efetividade sobre a redução da morbidade e da mortalidade perinatal ou materna, ou seja...não tem nenhuma indicação e não serve pra NADA...a não ser para satisfazer o ego de mamães de primeira viagem e bobas como eu...kkkk ;)

sábado, 21 de abril de 2012

O 171 da cesárea.



As 12 maneiras mais frequentes de enganar a mulherada...

Cesárea 171-I: Cordão enrolado
A verdade: quase um terço dos bebês nasce com circular de cordão. Mas a gelatina que recheia o cordão ajuda a impedir que os vasos se fechem. Além disso o bebê não respira dentro do útero!

Cesárea 171-II: Pressão Alta
A verdade: A hipertensão é um problema grave, mas nos casos em que ela foge ao controle pode ser necessário induzir o parto normal.

Cesárea 171-III: Bacia Estreita
A verdade: Impossível saber o tamanho da bacia por dentro e os ossos da cabeça do bebê são soltos e se sobrepõem para passar pela bacia materna

Cesárea 171-IV: Bebê Grande
A verdade: Impossível saber o peso do bebê pelo ultrasom e os ossos da cabeça do bebê são soltos e se sobrepõem para passar pela bacia materna

Cesárea 171-V: Passou do Tempo
A verdade: A gravidez humana normal vai até 42 semanas. Passado o prazo considerado seguro, pode ser necessário induzir o parto normal.

Cesárea 171-VI: Parto Prematuro
A verdade: Bebês prematuros nascem em melhores condições se for por parto normal

Cesárea 171-VII: Diabetes Gestacional
A verdade: É uma condição em geral controlada com dieta, exercícios e medicamentos, e não tem qualquer relação com a via de parto. Nenhuma!

Cesárea 171-VIII: Bebê fez cocô (mecônio)
A verdade: O mecônio não é um problema, a não ser nos casos em que os batimentos cardíacos do bebê estão insatisfatórios, evidenciando sofrimento fetal. Mesmo assim a indicação é o sofrimento fetal, não o mecônio.

Cesárea 171-IX: A bolsa rompeu e não teve contração
A verdade: É só aguardar 24 horas e se não entrar em trabalho de parto, induzir. A indução pode levar até 48 horas para "engatar". Antibióticos podem prevenir infecção. Fácil convencer o GO de esperar 72 horas, não é mesmo?

Cesárea 171-X: Não teve dilatação
A verdade: Todas as mulheres dilatam se aguardar a fase ativa do trabalho de parto.

Cesárea 171-XI: Não entrou em trabalho de parto
A verdade: Se não for colocada numa mesa cirúrgica, toda mulher entra em trabalho de parto.

Cesárea 171-XII: Na consulta de pré natal o colo do útero está fechado
A verdade: O colo do útero em geral fica fechado. O que faz ele abrir são as contrações de trabalho de parto.

Cesárea 171-I: Pouco líquido
A verdade: A diminuição do líquido amniótico é normal e esperada no final da gestação. No caso de diminuição acentuada, pode ser necessário induizir o parto normal, o que pode levar até 48 horas. Fácil convencer o GO de esperar 72 horas, não é mesmo?


Por Ana Cristiana Duarte - Obstetriz

domingo, 1 de abril de 2012

Parto Humanizado - O que é preciso para conseguir ?

O que significa pra você ter um parto Humanizado?
Muita gente relaciona o parto humanizado a ter um parto de índio sabe? kkkk aquele que você forra o chão com um pano e tem seu filho sozinha no meio do mato... Não é nada disso!!!
As pessoas precisam abrir a cabeça, se informar, ver as evidências com outros olhos... Quando se fala de humanização do parto, estamos nos referindo a uma ASSISTÊNCIA mais humanizada. Pode sim ser um parto hospitalar, mas a diferença é a assistência, o respeito. Eu vejo dentro do hospital, as pessoas acostumadas a serem tratadas com autoritarismo e desrespeito, e muitas vezes no final das contas ainda agradecerem por isso! Percebo que estamos tão habituados a falta de educação, que quando chega alguém "educado demais", nos espantamos. Para!!! Tá tudo errado!!!

O mínimo necessário para que se tenha uma parto humanizado é o respeito pela vontade da mulher, coisas simples, mas que em geral são ignoradas por quem oferece essa assistência. Como por exemplo a escolha da posição durante o trabalho de parto... Muitas vezes elas são obrigadas a ficarem deitadas, quando não se sentem nem um pouco a vontade nessa posição. Outro bom exemplo é o jejum...Como uma mulher que está há horas sem comer absolutamente nada, exausta e sem nenhuma fonte de onde retirar energia, vai ter força o suficiente no momento da expulsão?...Dessa maneira as coisas não fluem...não dá mesmo!
É preciso que a mulher consiga ter calma, que a equipe faça silêncio, para que a gestante tenha concentração, deixe o instinto agir. Mas para que o corpo se entregue e deixe o processo todo acontecer, é preciso RESPEITO...não dá pra ficar escutando os comentários sobre quem foi o vencedor do BBB12 no meio de uma contração! Bom, enfim...existe todo um cojunto de coisas que ajudam...Vamos a uma listinha básica do que é preciso...não é nada tãaaaao dificil assim de ser feito...basta ficar atento aos acontecimentos e respeitar cada etapa.

APOIO - Talvez o item mais importante em todos os momentos de um trabalho de parto né! ;)
É fundamental que neste momento o marido, companheiro, obstetriz responsável e médico obstetra estejam em perfeita sintonia e transmitam, à gestante, total confiança e disponibilidade para ajudar durante o trabalho de parto. A grávida neste momento tende a sentir-se solitária, e necessita de cuidados médicos, além de massagens, carinho e informações sobre o processo que está vivenciando. A confiança que deposita naqueles que estão ao seu redor deve ser a máxima possível. Deve haver competência, compreensão, e respeito para com ritmo e os tempos que precedem o parto normal.

SILÊNCIO, ILUMINAÇÃO E AMBIENTE ACOLHEDOR
Devem ser evitadas conversas paralelas desinteressantes, vozes de comando alteradas e sons que possam perturbar o bem estar da gestante. Ruídos de ambientes vizinhos e, o entra e sai de pessoas, o tempo todo podem perturbar o clima de paz. A iluminação à meia luz, ou a penumbra podem melhorar ainda mais o relaxamento. O uso de abajures, lâmpadas fracas, ou simplesmente o fechar das cortinas, tornam o cenário mais acolhedor e íntimo.

MÚSICA
Para algumas mamães é relaxante e inspiradora. É preciso perceber a necessidade de cada gestante...

POSICIONAMENTO
Algumas posições melhoram o fluxo sanguíneo do útero, e podem dar mais conforto à gestante. A posição preferencial é a do corpo virado para o lado esquerdo. Mas nunca esquecer da liberdade de escolha de cada gestante...assim ela poderá escolher a posição em que se sente melhor em cada momento.

MOVIMENTAÇÃO
Se for possível, procurar evitar que a mulher fique o tempo todo deitada. A mobilidade auxilia o movimento dos ossos da bacia e ajuda a diminuir o tempo do trabalho de parto. E naturalmente, elas acabam sentindo a necessidade de se movimentar.

MASSAGENS
A sensação desagradável das contrações diminui com as massagens, pois estas competem com as mensagens de dor enviadas ao cérebro pelas contrações uterinas do trabalho de parto. Estas massagens devem ser aplicadas por profissionais competentes, nas costas (durante as contrações) e nos ombros e pescoço (entre as contrações), pois ajudam a relaxar. A massagem suave na barriga, braços e pernas dão a sensação de apoio físico e companheirismo. Todas elas são de grande valor.

RESPIRAÇÃO
Entre as contrações a respiração deve ser calma e profunda proporcionando um maior relaxamento. Durante a contração deve ser mais acelerada, começando lentamente e tornando-se mais curta em seu auge (como cachorinho), e voltando a ficar longa conforme a contração vai diminuindo a intensidade. Este tipo de respiração aumenta a oxigenação do bebê e proporciona um agradável relaxamento durante o intervalo das contrações.

USO DA ÁGUA
O chuveiro sobre as costas é relaxante e pode diminuir a sensação desagradável das contrações. Água muito quente pode causar queda de pressão.

RELAXAMENTO
A tensão exagerada durante as contrações de trabalho de parto pode representar uma força contrária à evolução das contrações e da dilatação, o que leva ao aumento da dor. O relaxamento ameniza a sensação angustiante das contrações e faz com que a gestante se desligue das preocupações do mundo exterior, o que diminui o tempo entre o início das contrações e o nascimento do bebê.



Parte do texto foi escrito pelo Dr Arnaldo Schizzi Cambiaghi
Fonte: Guia do Bebê